A vitamina D tornou-se a “vitamina da moda”, pois tem vindo a ganhar nos últimos anos uma grande atenção para a possível otimização da saúde e prevenção de doenças. Produzida maioritariamente na pele através da exposição solar, é necessária principalmente para manter a concentração sérica de cálcio nos valores normais para a saúde musculosquelética, tendo também outras funções no organismo, nomeadamente atuando como hormona e para a regulação de algumas funções essenciais ao crescimento e multiplicação celular. Apresenta-se sob duas formas igualmente importantes para a nutrição (1,5):
- Vitamina D2 (ergocalciferol): Sintetizada a partir de plantas e percursores de levedura. Forma mais utilizada em suplementos de alta dose.
- Vitamina D3 (colecalciferol): Forma mais ativa da vitamina D. Formada na pele quando exposta à luz solar direta. Está presente nos alimentos enriquecidos e principalmente nos peixes gordos e óleos de fígado de peixe.
A vitamina D é lipossolúvel, ou seja, dissolve-se na gordura e é armazenada na gordura corporal. Em indivíduos obesos, é armazenada uma maior quantidade desta vitamina, restando uma menor concentração disponível para as funções biológicas. Assim sendo, estes indivíduos podem necessitar de uma maior quantidade de suplementação de vitamina D, de modo a ser possível uma manutenção adequada do seu nível sérico.
Não sendo a exposição solar a única via de adquirirmos esta vitamina, a nutrição mais uma vez demonstra um papel importante, sendo que existem alimentos que nos fornecem boas quantidades da mesma, tornando-se importante a sua inclusão na alimentação do dia-a-dia.
As principais fontes naturais de vitamina D são os peixes gordos, nomeadamente o salmão, a sardinha, a cavala e o atum, a laranja e alimentos enriquecidos como é o caso do leite e alguns tipos de cereais de pequeno-almoço. No caso de vegetarianos que não incluam nenhum alimento de origem animal na sua alimentação, os cogumelos são uma boa opção como fonte de vitamina D, devendo optar-se pelos selvagens em detrimento dos enlatados.
A insuficiência de vitamina D é uma grande preocupação em saúde, quer pelo facto de a dieta por vezes não incluir alimentos ricos nesta vitamina, quer pela vida da população, cujas rotinas nem sempre permitem momentos suficientes de exposição à luz solar, pois uma grande parte dos trabalhos é realizada em espaços fechados, sem acesso a luz solar direta. Relativamente aos seus níveis ótimos e às doses recomendadas, os valores variam entre 600 UI/dia, para a população geral, e até 2000 UI/dia, para indivíduos com uma exposição solar muito baixa. No entanto, muita gente não consegue obter estes valores ótimos e, várias vezes nem sequer existe essa perceção (2,3,4).
Quais serão então, as consequências do défice desta vitamina essencial?
A deficiência da vitamina D nas crianças pode causar raquitismo e impedir que as mesmas atinjam o seu pico de massa óssea e a altura geneticamente determinada. Já nos adultos, resulta na mineralização anormal da matriz de colagénio no osso, conhecida como osteomalacia, que promove o aumento do risco de fratura, juntamente com dores nos ossos, fraqueza e dor muscular, fatores de queixa comum em indivíduos com este défice. A deficiência (<30 ng/mL) e insuficiência (entre 20 a 30 ng/mL) de vitamina D são um problema em todo o mundo, desde mulheres grávidas a afro-americanos, hispânicos, adultos obesos e crianças, todos estão em alto risco de deficiência desta vitamina, que está também associada ao aumento da incidência da obesidade e ao uso de proteção solar e, paralelamente, vários estudos observacionais realizados recentemente têm sugerido que o défice desta vitamina está associado ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças, nomeadamente oncológica, cardiovascular, autoimune e infeciosa, assim como perturbações mentais de diversos tipos. Surge ainda associado à saúde dentária, mais precisamente a cáries e periodontite (1,2).
Resumidamente, a vitamina D possui vários benefícios para a saúde, que deve ter em conta no momento em que prepara a sua alimentação. Intervém na absorção intestinal do cálcio e fósforo, constitui um fator protetor no que diz respeito a doenças cardiovasculares, infeções do trato respiratório e alguns tipos de cancro, contribui para a diminuição do risco de fraturas ósseas, estando também associada ao aumento da força muscular, possui propriedades anti-inflamatórias e contribui para o fortalecimento do sistema imunitário (3).
Não facilite no que diz respeito à sua saúde. Verifique os seus níveis séricos de vitamina D pelo menos uma a duas vezes por ano e aconselhe-se com o seu nutricionista e o seu médico quanto à sua alimentação e suplementação, se necessária.
Referências bibliográficas:
- Chauhan K, Shahrokhi M, Huecker MR. Vitamin D. [Updated 2021 Aug 26]. In: StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; Janeiro 2020.
- Prevenção e Tratamento da Deficiencia de Vitamina D. Direção Geral da Saúde; Agosto 2019
- Benefícios para a saúde da vitamina D. Associação Portuguesa de Nutrição; Novembro 2020.
- Vitamina D em tempos de confinamento social. Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge; Abril 2020.
- Larry E. Johnson. Deficiência e dependência da vitamina D. MSD Manual. 2019